Montserrat Fitó: “É preciso dar mais importância à qualidade dos alimentos em todos os níveis”

Montserrat Fitó: “É preciso dar mais importância à qualidade dos alimentos em todos os níveis”

Você foi um dos palestrantes da nona edição do Science Needs You, que este ano foca nos “contras[ciència] comida”. Ele nos contou sobre a importância da dieta mediterrânea. Por que insistiriam tanto na importância dessa dieta se os benefícios já são conhecidos há muito tempo?
Partimos do padrão tradicional da dieta mediterrânica, aquele que os nossos avós faziam, mas este está a perder-se. São muitos alimentos novos, as pessoas têm pressa e, em vez de cozinhar, a tendência é comprar alimentos industrializados.

Existem indicadores de maus hábitos?
Na verdade, temos um indicador muito claro: a obesidade está a aumentar tanto nos adultos como nas crianças e nos adolescentes, e isso significa que não estamos a agir bem.

O que podemos fazer como sociedade?
É preciso educação desde a escola, o que de facto está a ser feito, e consciencializar que quando se come deve gostar da comida e não engoli-la. Fazia-se todo dia em casa, tinha o xup-xup. Agora já não podemos cozinhar tanto porque não temos tempo, mas deve ser dada mais importância à qualidade dos alimentos em todas as áreas, tanto políticas como de saúde pública. Não é possível que existam máquinas de venda automática de lanches tão pouco saudáveis ​​em bibliotecas e universidades.

Em que consistia o programa de risco cardiovascular e nutrição que realizou no Hospital del Mar?
Trabalhamos em diversos ensaios clínicos com pessoas com alto risco cardiovascular e com obesidade. Intervenções e recomendações foram feitas com dieta.

Existem áreas ou condados com maior taxa de obesidade do que outros?
Não é uma questão de zonas. Depende mais do nível socioeconómico das pessoas e da educação que receberam. Devemos ter em mente que junk food ou fast food são mais baratos. Em Espanha temos de dizer que somos o nono país da Europa em prevalência de excesso de peso e obesidade. E é engraçado que países que não tinham este problema, como a China, agora o tenham. Eles estão se ocidentalizando e se acostumando com o fast food.

Somos uma região vinícola. O que isso nos diz sobre o consumo de vinho?
Vinho com comida também é uma dieta mediterrânea, mas é uma questão complicada porque, além dos benefícios dos compostos polifenólicos e dos antioxidantes, o vinho também contém álcool e o álcool é tóxico para o corpo. Pode causar problemas de câncer de fígado ou outros tipos de câncer, além de outros problemas, como acidentes de trânsito ou brigas. Se falamos de saúde pública não podemos aconselhar, mas um médico pode recomendar um copo de vinho com moderação e às refeições a uma pessoa com bom senso.

Quatro dicas para uma boa dieta mediterrânea?
Consumir azeite como principal fonte de energia, peixe fresco, peixe azul, legumes, fruta, legumes e frutos secos. Outras orientações são sempre manter em mente os produtos sazonais e a variedade. Por exemplo, tem gente que fica obcecada e só come quinoa. Ok, quinoa é muito boa, mas não precisamos comê-la toda hora, temos que variar.

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